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jueves, 22 de marzo de 2018

VENEZUELA: REVOLUÇÃO OU REFORMA?

(MM5).- Desde as primeiras medidas e os primeiros pronunciamentos do governo bolivariano instalado na Venezuela com a posse de Hugo Chávez na presidência da República do país, no ano 2000, o MM5 tem caracterizado não apenas ao governo, mas igualmente a todo o movimento bolivariano e suas propostas e projetos como de natureza socialdemocrata. Mesmo que seus dirigentes, também desde sempre, se considerem e ao seu projeto ‘socialistas’, a verdade é que nem por atos nem por intenção declarada a propriedade privada dos meios de produção foi posta e cheque, como o exige o socialismo revolucionário marxista.
E também desde o início, o MM5 tem declarado seu apoio ao movimento e governos bolivarianos, preservando sempre nossa autonomia crítica. Ao contrário, que fique claro, de correntes e movimentos que, dizendo-se ‘críticos’, não passam de adversários e inimigos aliados aos objetivos gerais do imperialismo. Do nosso ponto de vista, que reafirmamos aqui, o bolivarianismo é na Venezuela um fator historicamente decisivo fatorde alimentação da conscientização revolucionária do proletariado e de radicalização das lutas de classes no país.
Não acreditamos necessário contestar aqui aquelas correntes mais enraivecidas do trotsquismo para as quais o bolivarianismo seria uma espécie de ‘bonapartismo’ a ser combatido da mesma forma que o faz a extrema direita. De todo modo, é bom não esquecer que o próprio Trotsky declarou, e escreveu com todas as letras, que a já anunciada (àquela altura, 1940) invasão da União Soviética por Hitler e uma vitória das hostes nazistas em tal empreitada deveriam ser saudadas como positivas, já que derrubariam o ‘estalinismo’ do poder. A invasão foi concretizada em 1941, mas, para a tristeza dos trotsquistas, os nazistas foram derrotados então.
Voltando à situação concreta atual da Venezuela. Nossa crítica ao bolivarianismo não se refere a questões aleatórias, mas, pelo contrário, a pontos muito concretos – em primeiro lugar, a que a socialdemocracia jamais obteve um nível de concretização sequer de médio prazo em qualquer país da periferia do sistema que alterasse a lógica do avanço da miserabilização do proletariado nestes países. Mais importante, a socialdemocracia não conduz ao socialismo revolucionário, marxista, como o tem demonstrado a história. Radicalizar as lutas de classe é uma coisa, outra coisa bem diferente é conduzir ao socialismo revolucionário.
E aqui entre uma questão essencial à prática marxista. O que é socialismo? No geral, no abstrato, trata-se de um tipo de organização sociopolítica que privilegiaria o social sobre o individual, capaz idealmente de atender às necessidades mais prementes do proletariado. Sim, colocado neste nível geral, o termo socialismo não diz mais que isso. Programática e teoricamente, o socialismo se difere da socialdemocracia por defender, mesmo que no abstrato, a socialização dos meios de produção, ao passo que a socialdemocracia não pretende destruir a propriedade privada. A igualá-los, a defesa da democracia e do estado democrático como espaço político-institucional de realização destes nebulosos objetivos.
Do outro lado, exatamente do lado oposto, antagônico, se coloca o socialismo marxista, revolucionário, institucionalizado em uma ditadura do proletariado, não democrática portanto, sendo este proletariado o único detentor do poder, vedada assim a participação da burguesia e da pequena burguesia enquanto classes nas instituições políticas estatais, excluídos igualmente destas instituições os segmentos remanescentes e aliados destas classes reacionárias, essencialmente anticomunistas.
Dito isso, é essencial optar pelo caminho a seguir na luta pelo estado proletário, tendo-se clara a inter-relação inescapável, estrutural, entre o objetivo a atingir e o caminho, o meio, a seguir. A ninguém de bom senso (trotsquistas e gramscianos excluídos, é claro) escapa que o movimento bolivariano, em sua origem e criação, aspirou a uma sociedade livre, de iguais. Assim sonhou Hugo Chávez ao promover o golpe de estado de fevereiro de 1992, infelizmente derrotado pela burguesia. E assim sonhou Chávez em sua vitoriosa candidatura à presidência em 1999.
Desde então o chavismo-bolivarianismo vem enfrentando duras batalhas contra a burguesia. Entre as mais duras e conhecidas até agora, figuram a tentativa de golpe de abril de 2002 e o golpe petroleiro de dezembro do mesmo ano. Mas já mesmo antes da morte de Chávez em março de 2013 – ao final de um câncer ao que tudo indica causado por envenenamento criminoso – o chavismo já dava sinais de enfraquecimento progressivo do ponto de vista político, com o surgimento de fissuras e fragilidades causadas pelas seguidas e ininterruptas ações do inimigo burguês-imperialista e, ainda, pela lógica da inescapável deterioração a que são condenadas as experiências socialdemocratas. Uma tragédia a que assistimos no Brasil com a trajetória do PT.
Mais recentemente, a direita venezuelana – e aqui nos referimos à burguesia originária do próprio país somada às forças econômicas, políticas e militares do imperialismo – dá seus últimos retoques, já azeita fuzis e tanques de guerra, para pôr abaixo a experiência bolivariana, como fizera às experiências semelhantes na Guatemala, República Dominicana, Peru, Chile e Bolívia, para nos limitarmos a exemplos latino-americanos. E o relógio passou a andar mais rápido com a derrota norte-americana na Síria. Derrotado no Oriente Médio em sua tentativa de se apossar do mar de petróleo da região (como fizera com sucesso na farsa da ‘primavera árabe’ na Líbia e na Tunísia), o imperialismo parte firmemente em busca dos recursos minerais venezuelanos. É importante observar que é do petróleo venezuelano que saíram e saem os recursos que bancaram e bancam os enormes benefícios sociais propiciados pelo bolivarianismo no país. Esmagando o bolivarianismo, raciocina o imperialismo assassino, ganhamos o petróleo ao mesmo tempo em que pulverizamos o modelo socialdemocrata. Como Lênin, Marx e Engels alertaram, na era do imperialismo não há lugar para experiências socialdemocratas sequer de médio prazo em países subdesenvolvidos.
O imperialismo, pois, tem pressa. Com o aprofundamento da crise mundial por que passa o capitalismo, o imperialismo tem pressa em promover e realizar um golpe fascista na Venezuela. Ou a esquerda leninista venezuelana entende que o país vive uma conjuntura revolucionária ou não entende nada. Falar em acumular forças sem explicitar para quê é o mesmo que não falar em nada. Em não fazer nada. Esperar que venha a “ocorrer” uma revolução na Venezuela não é digno da cabeça de um leninista. Revoluções proletárias não ocorrem, revoluções são feitas. Ou a esquerda leninista venezuelana entende que a revolução é um ato histórico, e não um processo, ou não entende nada.
Enfim, cabe à esquerda leninista venezuelana atuar hoje na linha direta da revolução, significando isso desenvolver já um trabalho direto de organização de forças militares – inclusive e principalmente no interior da Força Armada Nacional Bolivariana, junto aos segmentos revolucionários existentes no seio da mesma – com o objetivo da instalação insurrecional imediata de um poder proletário com a tarefa prioritária de estabelecer um combate sem quartel às forças políticas e militares burguesas-imperialistas e, no plano econômico, proceder também imediatamente à estatização da grande propriedade capitalista no campo e na cidade. Fora desta estratégia, fora deste marco estratégico proletário revolucionário, estaremos condenados a trilhar o caminho de mais uma derrota sangrenta do proletariado latino-americano. Mais que nunca, precisamos acreditar na vitória.
Venceremos!