(MM5).- Desde
as primeiras medidas e os primeiros pronunciamentos do governo
bolivariano instalado na Venezuela com a posse de Hugo Chávez na
presidência da República do país, no ano 2000, o MM5 tem caracterizado
não apenas ao governo, mas igualmente a todo o movimento bolivariano e
suas propostas e projetos como de natureza socialdemocrata. Mesmo que
seus dirigentes, também desde sempre, se considerem e ao seu projeto
‘socialistas’, a verdade é que nem por atos nem por intenção declarada a
propriedade privada dos meios de produção foi posta e cheque, como o
exige o socialismo revolucionário marxista.
E
também desde o início, o MM5 tem declarado seu apoio ao movimento e
governos bolivarianos, preservando sempre nossa autonomia crítica. Ao
contrário, que fique claro, de correntes e movimentos que, dizendo-se
‘críticos’, não passam de adversários e inimigos aliados aos objetivos
gerais do imperialismo. Do nosso ponto de vista, que reafirmamos aqui, o
bolivarianismo é na Venezuela um fator historicamente decisivo fatorde
alimentação da conscientização revolucionária do proletariado e de
radicalização das lutas de classes no país.
Voltando
à situação concreta atual da Venezuela. Nossa crítica ao bolivarianismo
não se refere a questões aleatórias, mas, pelo contrário, a pontos
muito concretos – em primeiro lugar, a que a socialdemocracia jamais
obteve um nível de concretização sequer de médio prazo em qualquer país
da periferia do sistema que alterasse a lógica do avanço da
miserabilização do proletariado nestes países. Mais importante, a
socialdemocracia não conduz ao socialismo revolucionário, marxista, como
o tem demonstrado a história. Radicalizar as lutas de classe é uma
coisa, outra coisa bem diferente é conduzir ao socialismo
revolucionário.
E
aqui entre uma questão essencial à prática marxista. O que é
socialismo? No geral, no abstrato, trata-se de um tipo de organização
sociopolítica que privilegiaria o social sobre o individual, capaz
idealmente de atender às necessidades mais prementes do proletariado.
Sim, colocado neste nível geral, o termo socialismo não diz mais que
isso. Programática e teoricamente, o socialismo se difere da
socialdemocracia por defender, mesmo que no abstrato, a socialização dos
meios de produção, ao passo que a socialdemocracia não pretende
destruir a propriedade privada. A igualá-los, a defesa da democracia e
do estado democrático como espaço político-institucional de realização
destes nebulosos objetivos.
Do
outro lado, exatamente do lado oposto, antagônico, se coloca o
socialismo marxista, revolucionário, institucionalizado em uma ditadura
do proletariado, não democrática portanto, sendo este proletariado o
único detentor do poder, vedada assim a participação da burguesia e da
pequena burguesia enquanto classes nas instituições políticas estatais,
excluídos igualmente destas instituições os segmentos remanescentes e
aliados destas classes reacionárias, essencialmente anticomunistas.
Dito
isso, é essencial optar pelo caminho a seguir na luta pelo estado
proletário, tendo-se clara a inter-relação inescapável, estrutural,
entre o objetivo a atingir e o caminho, o meio, a seguir. A ninguém de
bom senso (trotsquistas e gramscianos excluídos, é claro) escapa que o
movimento bolivariano, em sua origem e criação, aspirou a uma sociedade
livre, de iguais. Assim sonhou Hugo Chávez ao promover o golpe de estado
de fevereiro de 1992, infelizmente derrotado pela burguesia. E assim
sonhou Chávez em sua vitoriosa candidatura à presidência em 1999.
Desde
então o chavismo-bolivarianismo vem enfrentando duras batalhas contra a
burguesia. Entre as mais duras e conhecidas até agora, figuram a
tentativa de golpe de abril de 2002 e o golpe petroleiro de dezembro do
mesmo ano. Mas já mesmo antes da morte de Chávez em março de 2013 – ao
final de um câncer ao que tudo indica causado por envenenamento
criminoso – o chavismo já dava sinais de enfraquecimento progressivo do
ponto de vista político, com o surgimento de fissuras e fragilidades
causadas pelas seguidas e ininterruptas ações do inimigo
burguês-imperialista e, ainda, pela lógica da inescapável deterioração a
que são condenadas as experiências socialdemocratas. Uma tragédia a que
assistimos no Brasil com a trajetória do PT.
Mais
recentemente, a direita venezuelana – e aqui nos referimos à burguesia
originária do próprio país somada às forças econômicas, políticas e
militares do imperialismo – dá seus últimos retoques, já azeita fuzis e
tanques de guerra, para pôr abaixo a experiência bolivariana, como
fizera às experiências semelhantes na Guatemala, República Dominicana,
Peru, Chile e Bolívia, para nos limitarmos a exemplos latino-americanos.
E o relógio passou a andar mais rápido com a derrota norte-americana na
Síria. Derrotado no Oriente Médio em sua tentativa de se apossar do mar
de petróleo da região (como fizera com sucesso na farsa da ‘primavera
árabe’ na Líbia e na Tunísia), o imperialismo parte firmemente em busca
dos recursos minerais venezuelanos. É importante observar que é do
petróleo venezuelano que saíram e saem os recursos que bancaram e bancam
os enormes benefícios sociais propiciados pelo bolivarianismo no país.
Esmagando o bolivarianismo, raciocina o imperialismo assassino, ganhamos
o petróleo ao mesmo tempo em que pulverizamos o modelo socialdemocrata.
Como Lênin, Marx e Engels alertaram, na era do imperialismo não há
lugar para experiências socialdemocratas sequer de médio prazo em países
subdesenvolvidos.
O
imperialismo, pois, tem pressa. Com o aprofundamento da crise mundial
por que passa o capitalismo, o imperialismo tem pressa em promover e
realizar um golpe fascista na Venezuela. Ou a esquerda leninista
venezuelana entende que o país vive uma conjuntura revolucionária ou não
entende nada. Falar em acumular forças sem explicitar para quê é o
mesmo que não falar em nada. Em não fazer nada. Esperar que venha a
“ocorrer” uma revolução na Venezuela não é digno da cabeça de um
leninista. Revoluções proletárias não ocorrem, revoluções são feitas. Ou
a esquerda leninista venezuelana entende que a revolução é um ato histórico, e não um processo, ou não entende nada.
Enfim,
cabe à esquerda leninista venezuelana atuar hoje na linha direta da
revolução, significando isso desenvolver já um trabalho direto de
organização de forças militares – inclusive e principalmente no interior
da Força Armada Nacional Bolivariana, junto aos segmentos
revolucionários existentes no seio da mesma – com o objetivo da
instalação insurrecional imediata de um poder proletário com a tarefa
prioritária de estabelecer um combate sem quartel às forças políticas e
militares burguesas-imperialistas e, no plano econômico, proceder também
imediatamente à estatização da grande propriedade capitalista no campo e
na cidade. Fora desta estratégia, fora deste marco
estratégico proletário revolucionário, estaremos condenados a trilhar o
caminho de mais uma derrota sangrenta do proletariado latino-americano.
Mais que nunca, precisamos acreditar na vitória.
Venceremos!