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jueves, 15 de marzo de 2018

ELEIÇÕES 2018: COMEÇA A TEMPORADA DE CAÇA AOS VOTOS

(MM5).- Com a aproximação das eleições gerais de outubro, já se encontra instalado o grande palco da tragicomédia eleitoral com epílogo previsto para outubro próximo.
Tragédia, sim, para o proletariado. Mais uma vez, como o faz sistematicamente de tempos em tempos, o capitalismo põe a funcionar o seu mais poderoso mecanismo de dominação política-ideológica: a eleição. Mais democrática, menos democrática ou não democrática, pouco importa. O que importa é acionar a máquina mortífera produtora da devastadora mentira de que o proletariado pode ou poderia direcionar os movimentos da sociedade burguesa através de seu voto. E até mesmo de que este proletariado poderia construir a sociedade socialista através do voto nas eleições burguesas. Na realidade – e a história o tem provado à exaustão – o que tal máquina produz no seio do proletariado é a alienação política, a acomodação, o misticismo, a descrença e a desesperança.
O Movimento Marxista 5 de Maio-MM5 tem afirmado, e o repetimos aqui, que não é contra a participação e o voto nas eleições em países capitalistas por uma questão de princípio. Sim, podemos participar – desde que não se trate de eleições burguesas, mas de eleições proletárias. E o que são eleições proletárias? São aqueles processos eleitorais realizados no interior de conjunturas de mobilização e unificação do proletariado nas sociedades capitalistas, burguesas, em que o objetivo revolucionário é proposto de forma clara e imediata por uma vanguarda revolucionária real como palavra de ordem de propaganda ou ação. Na ausência desta conjuntura revolucionária e desta vanguarda revolucionária, a participação em eleições em sociedades burguesas é mentira, é engodo, é manipulação de consciências.

A esfarrapada desculpa sempre utilizada por partidos e organizações de esquerda de que participariam da grande mentira (uma verdade burguesa, destaque-se) para “acumular forças” não passa de uma outra grande mentira. De lado os interesses individuais mesquinhos de dinheiro e poder por parte dos candidatos e seus exércitos de assessores, já que as instituições burguesas (incluída a eleitoral, é claro) são também usinas de corrupção, de lado esses objetivos mais visivelmente rasteiros, o mal maior é que tal política reforça e legitima a própria sociedade burguesa como um todo, reforça e legitima a exploração, reforça e legitima a alienação e a miséria do proletariado. Não se pode, pois, aceitar esta alegação de que a eleição burguesa serviria para se acumularem forças. De fato: a cada processo eleitoral a burguesia acumula forças políticas e ideológicas para continuar explorando e matando de fome e sede os trabalhadores, o proletariado. Para manter e reproduzir o rosário de sofrimentos que estrangula o proletariado nas sociedades capitalistas.
Os exemplos dos efeitos catastróficos que a eleição burguesa causa ao proletariado mundial, recentes e mais distantes, são muitos e muitos, muitíssimos, inclusive ao custo de sangue do trabalhador. Fiquemos em dois: Itália e Brasil. O Partido Comunista Italiano chegou a constituir a maior força política de esquerda do mundo capitalista ao final da II Guerra. Com o poder político praticamente nas mãos, optou então pelo caminho democrático e eleitoral, postando-se a seguir nos escorregadios trilhos do enganoso reformismo gramsciano através das lideranças, principalmente, de Palmiro Togliatti e Enrico Berlinguer. Resultado: a autodestruição. O PCI não existe mais. Nas últimas eleições gerais italianas foi a extrema-direita o segmento político que mais cresceu. Trágico.
No Brasil, o Partido Comunista Brasileiro (PCB) possuía, também ao final da II Guerra, algo como 100.000 militantes, o que equivaleria hoje a 400.000 proporcionalmente à população atual. Além das perdas sofridas durante a ditadura militar de 1964-85, mas principalmente por sua política abertamente reformista, eleitoral e democrática adotada formalmente a partir do final do Estado Novo, o PCB perdeu progressivamente forças desde então chegando muito próximo da autoliquidação, o que não se concretizou graças à atuação firme de um grupo de seus verdadeiros militantes proletários, Ivan Pinheiro à frente. Hoje, contudo, o partido se vê novamente assombrado pelo fantasma do reformismo, agora fantasiado de gramscianismo.

E a farsa se repete
É conhecida a asserção hegeliana de que os fatos históricos acontecem duas vezes. Marx corrigiu: sim, mas na primeira vez como tragédia e na segunda, como farsa. E no campo da esquerda a farsa da participação em eleições burguesas vem se repetindo como farsa centenas e milhares de vezes mundo afora. No Brasil, o mais novo ato desta comédia – na verdade, uma tragédia para os trabalhadores e para a revolução proletária – é o lançamento da chapa Guilherme Boulos-Sônia Guajajara para a presidência da República, com o apoio já declarado do PCB. Até muito pouco, o senhor Boulos, psicanalista e professor universitário, só era conhecido no cenário nacional como líder do Movimento Nacional dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST). A senhora Guajarara, até o lançamento da chapa inteiramente desconhecida, provavelmente será uma autonomeada representante de algum inexistente movimento indígena. Seriam eles socialistas? Seriam eles defensores da instalação de uma sociedade socialista, com a estatização dos meios de produção e da instalação da ditadura do proletariado? Não basta que o partido pelo qual se candidatam traga em sua fachada o nome socialista e, além disso, é preciso saber de que socialismo estão falando. Pode ser alguma coisa não dita nem explicitada, mas com absoluta certeza não é o socialismo revolucionário – o único que deu certo até agora, sendo pouquíssimas as análises sérias das sociedades socialistas conhecidas e instaladas revolucionariamente, limitando-se a imensa maioria desses balanços a cópias acadêmicas de textos produzidos fraudulentamente pelas agências imperialistas ou da lavra ensandecida de trotsquistas.
Do lado do PT – que foi empurrado de volta para o campo da esquerda socialdemocrata pela repressão do estado quando não mais teria condições de servir aos interesses da burguesia no país (ver análise anterior neste site) –, está claro que Lula não conseguirá se candidatar. Além do ódio pessoal, cevado no preconceito classista, fortemente plantado no seio da burguesia ao ex-presidente, a burguesia não pode tolerar no poder qualquer projeto que não seja de aprofundamento da exploração e da miséria, de aprofundamento do neoliberalismo. E Lula seria obrigado a tentar implantar um projeto desta natureza, sob pena de perder a forte base entre o proletariado que ainda detém. Com Lula expulso, o banco de reservas petista se movimenta: Fernando Haddad, Gleisi Hoffmann, Tarso Genro, Jacques Wagner. Quem será, será – mas nenhum deles com chances reais de vitória, dada a impossibilidade de Lula transferir seus votos para um petista ou para quem quer que seja, já que sua liderança é puramente pessoal, não política. E, mais importante, todos reformistas em uma eleição burguesa e em uma conjuntura contrarrevolucionária.
Do lado da burguesia persiste a indefinição quanto ao ator principal encarregado de liderar a busca da faixa presidencial declaradamente em nome dos banqueiros, industriais, latifundiários, dos impérios comunicacionais e do grande comércio – do capital, enfim. Não se pode descartar o nome do psicopata fascista Jair Bolsonaro, mesmo que não goze da confiança de seus patrões burgueses, temerosos de que ele se constitua em uma espécie de Trump tropical. O nome aparentemente mais forte é o de Geraldo Alkmin. Ainda ao longe, mas possuidor de potencial para um galope de atropelo na chegada, o fanfarrão Joaquim Barbosa, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, negro e de origem pobre: todos os requisitos de uma alentada bagagem necessária a um eficiente demagogo protofascista. Resta ainda o camaleão Ciro Gomes, que pode servir a qualquer dos lados.
De todo modo, não temos à frente um panorama de todo desconhecido. Os marxistas estamos já acostumados a enfrentar estas pútridas ondas eleitorais. E ao que tudo indica, mais uma vez iremos ao voto nulo. À campanha pelo voto nulo. E é aí, sim, que poderemos acumular forças, sólidas forças proletárias através da nossa agitação e propaganda. Forças que, na conjuntura adequada, se ampliarão e consolidarão sob a bandeira da revolução proletária.
VENCEREMOS!