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jueves, 8 de marzo de 2018

A MULHER E A REVOLUÇÃO PROLETÁRIA


(MM5).-

No dia 8 de março de 1857, 129 operárias e 23 operários têxteis foram queimados vivos pela polícia no interior de uma fábrica na cidade de Nova York, Estados Unidos, durante uma greve de ocupação em defesa da jornada de oito horas e melhores condições de trabalho. Em 1911, o Segundo Congresso Internacional de Mulheres, realizado pela II Internacional Socialista em Copenhague (Dinamarca), institui o 8 de Março como Dia Internacional da Mulher.
É sob o signo do proletariado, pois, que a luta da mulher trabalhadora emerge no cenário mundial enquanto bandeira da revolução socialista e da libertação geral da humanidade. Todas as lutas mais significativas do proletariado feminino de até então são unificadas sob a bandeira geral da revolução. Todos os partidos do operariado, nascidos no quadro do aguçamento das lutas de classes nas primeiras décadas da segunda metade do século XIX, inscrevem em seus programas e plataformas de lutas as reivindicações em defesa da dignidade da mulher trabalhadora.
A partir, porém, do surgimento e consolidação de uma classe média, pequeno-burguesa nos países imperialistas, no quadro do capitalismo mundial enquanto mercado de consumo necessário à reprodutibilidade do capital e consequente manutenção do sistema, neste quadro, portanto, ocorre a degeneração patrioteira-reformista dos principais partidos da Segunda Internacional, o que levou à extinção da organização.
Em razão desses eventos históricos, e no marco dos mesmos, é que podemos identificar as raízes mais profundas da transformação do movimento original da mulher proletária naquilo que é hoje em nível mundial: um movimento esmagadoramente pequeno-burguês, conciliador e anticomunista. O que assistimos hoje, tanto no centro quanto na periferia capitalista, é a uma inversão abertamente reacionária e conservadora entre meios e fins da luta revolucionária. Deixemos de lado, por não mais que sintomas, comportamentos individuais e grupais de homens e mulheres indistintos do ponto de vista de classe, que, por caricaturais e raivosos, mais não fazem que levar seus atores ao ridículo.
Do nosso lado, enquanto leninistas, nos cabe criticar e combater partidos e organizações de esquerda empenhados em desclassificar – no sentido literal do termo – a luta pela libertação da mulher, isolando-a da luta revolucionária pela libertação do proletariado e da própria libertação da humanidade. Fora deste contexto, as bandeiras deste feminismo conservador e reacionário sempre acabam em descambar para a conciliação de classes e para o anticomunismo. Participar destes movimentos na tentativa tão infantil quanto inútil de ‘influenciá-los’ ou, no jargão gramsciano, ‘hegemonizá-los’ na verdade resultará sempre em engrossar suas hostes, ser usados por eles. Em ser coniventes com tal deterioração. Em ser cúmplices.
Há marcos nesta trajetória de decadência. No início dos anos 50 do século passado, a filósofa existencialista – pequeno-burguesa, portanto – Simone de Beauvoir publica seu livro “O Segundo Sexo” atribuindo historicamente aos “homens de todas classes e partidos” a responsabilidade por todas as formas de opressão e injustiça sofridas pelas mulheres ao longo dos tempos. Isso não é verdade, é mentira. Os marxistas não podem compactuar com tal absurdo, aliás, princípio bíblico adotado pelos feministas atuais, inclusive por alguns que se dizem marxistas. Como sabemos os materialistas dialéticos, a exploração e a opressão que vitimam as mulheres nasceram com a propriedade privada dos meios de produção, a exploração e opressão são filhas legítimas da propriedade privada. E só poderão ser extintas com a extinção da propriedade privada, através de uma revolução socialista e da construção do comunismo. Axiomático. Outra bobagem, esta ainda mais primária, proferida pela senhora Beauvoir é a de que as mulheres não nascem mulheres, mas são feitas mulheres pela opressão exercida pelos homens. Este bonitinho jogo de palavras, além de fazer a festa de antropólogos burgueses e assemelhados albergados na decadente academia burguesa – a brasileira à frente –, mistura primariamente o natural com o social, instrumentalizando, inclusive, uma mais que estúpida corrente deste feminismo alienado em suas cruzadas contra os integrantes do sexo masculino.
Com o advento do neoliberalismo e sua consequente ideologia geral culturalista, a decadência assume dimensões de tragédia. O aprofundamento da concentração da riqueza e a ampliação de um sofisticado mercado de consumo em nível mundial – simultaneamente à ampliação e aprofundamento da miséria do proletariado – instalam no campo político da esquerda o imediatismo e o abandono dos objetivos finais da revolução proletária enquanto métodos basilares de suas práticas políticas. Agora, este feminismo reacionário, individualista e contrarrevolucionário se alia aos movimentos étnico-raciais e autodeclarados de defesa de direitos homossexuais. Todos eles enlameados pela marca do individualismo e do corporativismo, bem a gosto do paladar pequeno-burguês. A unificá-los, a meta estratégico-programática de integrar as chamadas minorias ao sistema e sociedades capitalistas, não a de instalar revolucionariamente outra sociedade em substituição a este capitalismo, à instituição propriedade privada. Por isso, esta estratégia integracionista acaba por fortalecer a própria sociedade capitalista em que exerce sua prática. Nos Estados Unidos, o movimento negro revolucionário foi derrotado, pelo estado e pela ideologia pequeno-burguesa, e substituído por um movimento integracionista. Daí, as Condolezzas Rice e Collin Powers da vida. Na Europa, Margareth Thatcher e Angela Merkel – para ficar em poucos dos nomes cevados no lodo pútrido da ideologia das classes dominantes.
E aqui entramos em uma questão absolutamente decisiva. Temos os marxistas e leninistas a inarredável convicção de que a sociedade comunista que queremos – e vamos – construir jamais terá o mais pálido que seja traço de dignidade se nela persistirem práticas e/ou instituições que abriguem por mínimos que sejam atos e atitudes marcadas por qualquer tipo de opressão, discriminação, ofensa e injúria por motivo de gênero, raça, etnia, crença e sexualidade. A liberdade por que lutamos é intransigentemente incompatível com esta ideologia repugnante.
E agora, hoje, no interior de sociedades capitalistas, devemos os marxistas lutar contra tais ideias e práticas opressoras, repugnantes?
Podemos e devemos. E para sermos coerentes com o próprio marxismo, temos que lutar na linha de incluir este combate no interior da luta revolucionária do proletariado, pela revolução socialista. E isto inclui o próprio combate às correntes integracionistas que se apropriaram fraudulentamente das bandeiras libertárias das lutas contra o sexismo, o racismo, a homofobia. Sim, é possível e necessário incluir estas lutas hoje em nossas agendas. E vamos fazê-lo, temos que fazê-lo. Do ponto de vista de método, é preciso reverter aquela inversão de principalidades a que nos referimos no início deste texto, inversão operada pela ideologia pequeno-burguesa. A prática marxista a ser desenvolvida, então, exige a inclusão das lutas contra as chamadas opressões no interior da estratégia geral da revolução na qualidade de lutas determinadas por esta estratégia, e não determinantes da estratégia proletária. E deixamos claro: nossa luta estratégico-programática é contra o capitalismo, contra a classe capitalista. Não contra machos ou fêmeas, não contra brancos ou negros, não contra heterossexuais ou homossexuais. Enfim, a luta final (pela revolução proletária, socialista, classista) é que deve condicionar a luta parcial (lutas sindicais e antidiscriminatórias).
Assim determina o método marxista. Assim determina o método leninista. E assim temos que fazer e faremos.
Venceremos!